Ontem à noite fomos à sacristia da bendita igreja onde vamos baptizar o Mi, com o padrinho RA e a namorada do padrinho. A madrinha C não pôde ir porque estava a trabalhar.

Supostamente deveria ter começado às 21h. Como bons paroquianos que somos (cof cof) chegámos um minuto ou dois antes, pontualidade das pontualidades! O padrinho até vinha de fatinho e gravata (tinha acabado de sair do trabalho) - contrastava duma maneira obscena comigo (que tinha o cabelo desgrenhado e uma blusa com uma mancha de baba que o Mi decidiu pregar-me quando já estava calçada e pronta a sair).

Pensando que se tratava de uma reunião como-deve-ser, com o padre que o vai baptizar (que é nosso vizinho) e, principalmente, rápida (porque o Mi vai para a cama entre as 21h e as 22h), lá entrámos rapidinho rapidinho que se faz tarde, para darmos de cara com mais de uma dúzia de "pessoal das barracas" ou "barraquedo"* como o meu marido gentilmente lhes chama.

Encabeçando esse "pessoal", estava um senhor de bigode farfalhudo, na casa dos 50, barriga de cerveja e tatuagem no braço (não, a tatuagem não dizia "Amor de Mãe 1966 Angola", mas pouco faltou). Acontece que o senhor gesticulava para os restantes membros da família enquanto a esposa (presumo que fosse, pelo menos cheirava tanto a sovaco como ele) berrava que queria "saber das coisas como deve ser!!!!!", enquanto o raio do puto corria pela sacristia aos guinchos. Um circo.

Para além desse "pessoal", ainda estavam mais 2 casais brasileiros e respectivos padrinhos, e um casal cujo pai da criança me pareceu que ia cair para o lado a qualquer momento (o pivete a sovaco podre e a tabaco retardado espalhava-se que era uma maravilha).

Uma senhora com cara de pia entrou no corredor e mandou-nos, mal-humorada, sentar nas raquíticas cadeiras de uma sala onde excedíamos largamente a lotação máxima, estava abafado, e eu já me tinha arrependido 347262426 vezes de ter trazido o Mi, primeiro porque pensei logo, não na gripe A, mas no calor e cheiro a pêlos sovacais que ali estava, e depois porque ele não estava sossegado.

Após aguentarmos ali 15 minutos, eis que entra uma outra senhora (esta com ar de beata devotíssima) e anuncia "podem levantar-se todos que a reunião vai ter lugar na igreja, harmmm, parece que a sala está muito cheia, ha-ha."

Nãooooooo!!! Jura?????
Sinceramente até achei acolhedora e agradável, com todo aquele cheiro a ser humano não-higienizado, au naturel...

E já agora, alguém te devia pregar uma rasteira a caminho da igreja, por teres deixado aqui a agonizar montes de pessoas com crianças e bebés.

Se és tão beata como aparentas, porque é que com o decote que apresentas consigo contar a esta distância todas as estrias que tens???

Que raiva!

(continua no próximo post)




*"pessoal das barracas" ou "barraquedo": termo utilizado pelo meu marido para definir a típica família portuguesa que normalmente tem um agregado de 5-6-7-8 filhos, em que habitualmente ninguém trabalha (ou possuem um negócio no ramo do auxílio ao estacionamento de veículos - leia-se, arrumadores) mas que vive à grande, dos subsídios pagos por quem trabalha uma vida inteira, que normalmente não lava o cabelo (nem o resto), que tem um volume saído das cordas vocais de mais de 10 decibéis, e que adora a boa da escandaleira.

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