Olá olá!

Hoje resolvi fazer uma publicidadezinha às pessoas que me estão a ajudar na organização do Baptizado do Mi.

Os nossos convites de baptizado tiveram 2 versões - 1 feita por nós e outra encomendada (não me perguntem porquê, não vale a pena explicar).

De qualquer modo, quem brilhantemente nos fez os convites originais, foi a simpática equipa da OLHO NU, um casal muito atencioso e talentoso, que para além de ter criado os convites, me facultou ideias fantásticas para se trabalhar o tema, que é, como já sabem, "Abelhas e Mel". A simpática loja fica em Odivelas, pertíssimo da estação de metro, como poderão ver pelo mapa no site deles.
Como eu própria tenho queda para as críticas construtivas, gostaria de elogiar este espaço, não só pela simpatia do Sr. Carlos, como pela criatividade que transpira por todos os poros. Ao entrar na loja, e se estão a pensar organizar um baptizado, festa ou casamento, o que se vê é verdadeiramente um regalo para os olhos - e até para a carteira, uma vez que os preços que praticam me parecem exercer uma relação qualidade-preço bastante justa. Além disso, são versáteis e abertos às ideias mais estapafúrdias.
A loja está habilmente decorada com trabalhos feitos por eles, dos quais destaco os incríveis Placards (para identificação das mesas e lugares), que são verdadeiras obras de arte.
Fiquei com a sensação, na minha última visita lá, que, apesar de estarmos num mês em que é preciso sorte para se arranjar seja o que for (pois os fornecedores estão de férias), se procurarmos bem na Olho Nu, ainda conseguimos encontrar qualquer coisa, por mais excêntrica que seja a ideia.

Eu e o maridão andávamos a arrancar os cabelos à procura do topo de bolo do Mi, depois de muita confusão relativamente ao bolo (em que desistimos de testar a flexibilidade do pasteleiro e do próprio do Cangalho, e, dadas as limitadas opções que tínhamos decidimos que iríamos nós arranjar a decoração do bolo), andámos numa cruzada à procura do topo de bolo perfeito. Vimos em tudo quanto era sítio, nas maiores lojas de artigos de festa e de pastelaria, na net, e sempre a mesma resposta "temos, mas este mês é complicado e só devemos receber material para o mês que vem".
O maridão, num acto de desespero, até disse que mais valia comprarmos uma abelha de peluche para pôr no bolo (má ideia - peluche-pêlos-etc) . No meio da nossa cruzada, nunca sequer nos passou pela cabeça que a Olho Nu pudesse ter.

Eis que esta semana passei lá e lembrei-me de colocar a pergunta ao Sr. Carlos. Topos de bolo mesmo, tinham-nos lá bem bonitos, mas o que eu queria eram abelhas...
Até que o Sr. se lembrou de umas abelhas de tamanho médio que lá tinha, e mal pousei os olhos nelas, os meus sonhos tornaram-se realidade (intenso, eu sei, mas se não vivermos tudo com intensidade, não vale a pena, não é?). As abelhas são artesanais, tão lindas e únicas que nem pensei em mais nada e mandei o Sr. reservar-me 3, depois passarei lá para as ir buscar (ou seja, só tinha uns trocos miseráveis nos bolsos, como de costume, já que sou adepta do MB e raramente ando com dinheiro vivo, aliás, mesmo o MB normalmente anda com o Maridão).
Vida de pobre é assim...

A próxima publicidadezinha vai para uma Mãe fantástica que é a Maria João (Jonas), e que faz coisas lindas para todo o tipo de festas, com o carinho que só uma Mãe real pode fazer. Convido-vos a visitarem http://odeliriodosputos.blogspot.com/
Confiei-lhe as lembranças de baptizado, de adultos, criança e bebé, e prometo que, após o grande dia, mostrarei fotos de tudo.
Mas posso adiantar que é tudo dentro do tema e que as lembranças para os adultos são um amor que até para mim (relativamente à decoração) ainda estão no segredo dos deuses, uma vez que a Jonas está fechada em copas, enviei-lhe imagens e fotos e deixei tudo à consideração dela para também ser surpresa para nós, e as lembranças das crianças e bebés são totalmente à Jonas Style!

Esta mamã é o mel em pessoa, para além de talentosa claro, é extremamente atenciosa e aliás virem no blog dela, só tem elogios. Junto aqui mais um de muitos, com imenso prazer.
Podem ter a certeza que serão tratados com tanto carinho e consideração como eu estou a ser, tratada que nem uma princesa.

Mais novidades...
Voltei ontem a tentar aliciar a banda através do meu amigo Diogo (homónimo do meu filho), e qualquer dia acusam-me de assédio, de tanto que insisto.

Na verdade, e quem já organizou um baptizado e/ou casamento, sabe que há muita coisa dependente da exactidão do número de pessoas, e se alguém falha é o caos total.
É preciso muito jogo de cintura e muita persistência e dedicação para que tudo resulte, mesmo que no grande dia não saia conforme o planeado (normalmente é o que acontece), o que interessa mesmo, como dizem os grandes sábios, "o que importa é o percurso e não a meta", apesar da maioria das vezes (pelo menos pessoalmente) achar que caminho sempre em busca do próximo objectivo, e retiro dele toda a força de que necessito para a caminhada.
Sem me querer dispersar muito do tema do post, acredito que por vezes a vida é tão difícil que temos de viver por pequenos objectivos, para que isso nos dê coragem, esperança, força, fé, confiança. Palavras lindas que deveriam estar sempre aliadas ao maior e mais forte de todos os sentimentos - Amor...
Sem ele, o que seria de nós? Se não colocasse amor nas receitas que faço de frente para o fogão? Se não colocasse amor nestas palavras que escrevo martelando as teclas do computador, ou se não colocasse amor numa caneta e num papel, num pincel, numa tecla de um piano? Se não colocasse amor ao passara ferro com delicadeza as roupas pequeninas do meu filho? Se não colocasse amor no meu trabalho, na minha casa? Se não colocasse então amor na organização do baptizado do meu filho, mesmo não partilhando a fé cristã? Se não colocasse amor para me esquecer dos maus momentos, para me fazer perdoar e compreender, controlar e acalmar? Se não amasse os livros como amo? Se não amasse a música, as ondas, as àrvores? O cheiro a terra molhada? Ou se não colocasse amor naqueles que mais amo? O Maridão, o Mi? A família? Os amigos? Os colegas?

Voltando ao baptizado, e devido a irem encontrar-se pessoas que não se vêm entre si há anos (incluindo a minha mãe, que vem da Bélgica para o baptizado, e devido à distância ainda não conhece o neto, tal como eu ainda não conheço a minha irmã, mais nova que o meu filho), creio que será um baptizado cheio de emoções para a maioria das pessoas.

Gostava de oferecer um saquinho de amor a cada convidado, com este post - obrigada a quem aceitou estar presente no dia 5 de Setembro, prometemos que passarão um dia agradável e divertido.

Após esse dia, tenho uma grande lista de pessoas a quem agradecer, que estão a reunir os seus melhores esforços para ajudar na organização, mas já que estamos em maré de agradecimentos, adianto alguns:

- À Mónica, querida amiga de sempre, que está a fazer os marcadores de nome do convidado, individuais, para as mesas (falamos de algumas dezenas deles!), que se ofereceu para emprestar um cesto bonito que conterá as lembranças, e que ainda aceitou fazer a Leitura do Evangelho
- Ao João (Alforreca), amigo de sempre, pela sensibilidade demonstrada ao aceitar, mesmo lutando contra a timidez, ler o Salmo na igreja.
- Ao intemporal Daniel (Pitxi), que vai fotografar o evento
- Ao Diogo, que prontamente ofereceu os seus dotes musicais e o de músicos seus amigos e o qual ando a assediar há dias lol
- À Sara, namorada do Diogo, mel puro, que, com a sua ternura habitual, prontamente se ofereceu para ajudar no que fosse preciso
- Aos colegas e à Empresa do Maridão, que nos permitiram imprimir várias coisas, ao pessoal do Desenho, que encadernou o Livro de Honra do Mi, ao pessoal do Laboratório pelo apoio moral ao Maridão em tempos de stress
- E aos demais que ofereceram a vossa ajuda, sei que poderei contar convosco

Por agora é tudo, desculpem o testamento!

Lilypie - Personal picture

Daisypath - Personal pictureDaisypath Wedding tickers

Com Amor,



PORQUÊ??? Oh vida cruel e ingrata!!!

Com "Um místico sofrer, uma ventura"...

...me despeço. Não tenho tempo senão para a auto-comiseração, hoje! Andamos a ver se arranjamos uma banda fixe para o baptizado do Mi e estamos a tentar aliciá-los (são amigos de um amigo meu muito especial), mas depois conto tudo, quando conseguir estar mais desafogada dos dois trabalhos (missão impossível, mas vou tentar).

Tenho calor.
Tenho sede.
Tenho sono.
Estou cansada.
Atulhada de trabalho até ao tecto.
Tenho de fazer a depilação.
Tenho 6554842145484548452366 coisas para fazer esta semana.
Queria férias...

Lilypie - Personal picture

Daisypath - Personal pictureDaisypath Wedding tickers


FALTAM 18 DIAS PARA O BAPTIZADO DO MI! 05/08/2009

Até breve...

O meu bebé está quase com um aninho. Faz dia 23 de Agosto.

FALTAM 9 DIAS.


Nasceu à 1:25 da manhã, com 3.345 kg e 47 cm, depois de um trabalho de parto difícil, difícil...
Há um ano atrás, neste dia, já eu esperava e desesperava... será hoje? será amanhã? essas tretas todas. Por esta altura já me doíam horrivelmente as costas, não tinha posição para dormir
Mal eu sabia é que o meu "parto" ia durar quase 72 horas (3 dias)!

Do parto e da MAC não vale a pena falar para não assustar quem ainda não é mãe, mas não tenho NADA de bom a dizer da maneira como fui tratada na Maternidade Alfredo da Costa. Sinto-me envergonhada por viver num país onde não colocam pessoas minimamente humanas numa maternidade onde por dia nascem dezenas e dezenas de bebés.
Na altura em que estamos mais fragilizadas, é quando necessitamos mais de ser tratadas com dignidade.

Sou a favor do parto humanizado. Apesar do meu ter sido tudo menos humanizado.
(Futuras mães : Lutem pelo vosso parto humanizado! É um direito vosso!)

Bem.
O que interessa é que foi um momento muito feliz. A primeira coisa em que reparei, quando o vi, foram as pernas. Não sei explicar porquê, não tinham nada de extraordinário, eram perninhas perfeitinhas como tudo o resto nele, felizmente, mas como ele vinha encolhido e depois esticou-se um pouco, fiquei surpreendida como é que um bebé tão grande estava dentro da minha barriga (não era grande, até era pequenino, minúsculo, um pingente mesmo, mas na altura pareceu-me grande).
Depois ele abriu berreiro e eu deixei de ver tudo à minha volta. Só existia ele.
O Maridão lá cortou o cordão, todo atrapalhado (algo que eu nunca pensei que ele fosse capaz).
Aliás, o Maridão foi um herói naquele dia. Até à hora "H", dizia sempre que não tinha a certeza se queria assistir, que depois logo se via, e não estava muito seguro. Mas na altura, não sei o que lhe deu, quis estar comigo em todas as alturas. Viu TUDINHO, do princípio ao fim, fazia questão de espreitar tudo o que estava a acontecer, sempre curioso e nem uma única vez vacilou. Pelo contrário, teve curiosidade e quis controlar tudo de livre vontade. E eu a pensar que a qualquer momento lhe ia dar uma coisinha má.
Quando o Diogo nasceu, aí sim, ficou meio aparvalhado, estava com uma cara de ébrio que eu nunca tinha visto... A enfermeira levou-o para o medir, fazer os primeiros testes e aquela coisa toda, e recordo a imagem dele a seguir a enfermeira... com cara de parvo, quase a tropeçar nela de tal maneira que estava debruçado, sem tirar os olhos da cria... desapareceu nem num segundo lá para dentro!

São estes momentos cómicos e felizes que ficam, e ainda bem.

Mas este post era suposto ser sobre os mini-preparativos.
Sim, digo mini porque, uma vez que o baptizado acontece dia 5 de Setembro, decidimos que o aninho dele seria uma festa mais discreta.
Até porque planear, organizar e cozinhar para dois "eventos" a acontecerem com 15 dias de diferença seria suicídio. Elementar, meus caros... estou tão de rastos com a organização do baptizado aliada aos meus 2 trabalhos (1 por conta própria e 1 por conta de outrem, sendo que, incrivelmente, o primeiro dá-me mais dores de cabeça) + o trabalho de Mãe (a tempo inteiro), a casa, o Maridão (que tenta ajudar mas às vezes, embora não seja por mal, não ajuda nada) e o trabalho em casa, no qual ando a negligenciar a pilha de roupa que tenho para passar (eu e a Mónica!), entre outras coisas que também se devem sentir negligenciadas.

Portanto, com muita pena minha, não vai haver "festa" com pompa e circunstância nos aninhos, apenas uma "saúde" (nunca percebi estes ditos do meu marido oriundos lá da santa terrinha).

Ainda me convenci durante uns tempos que ia conseguir organizar as duas coisas de igual modo, mas depois percebi que, se num dia útil normal já durmo em média 4-6 horas (6 horas é luxo!!!) e quando saio do trabalho (às 17h30) só me apetece adormecer no primeiro canto que encontrar, seria impossível carregar o meu já sobrecarregado Tico (o Teco foi queixar-se ao programa do Dr. Phil).

Preciso tanto de férias (e só as tenho em Dezembro, se tiver!) que me apetece fugir. Há alturas em que penso que não vou conseguir, que não tenho capacidade, que é muita pressão... Mas a verdade é que lá me vou aguentando, caramba, só tenho 23 anos, e o trabalho dignifica.
Se tenho trabalho a mais, embora desgastante, é muito bom sinal nos tempos que correm, felizmente. E é isso que me dá força...

É sexta-feira e já devia ter saído. Normalmente deixo sempre uns minutinhos para vir aqui desabafar. Sinto-me tão cansada que seria capaz de adormecer aqui e acordar na segunda-feira (lol).

Se pudesse pedir um desejo agora?

Pedia 10 horas de sono seguidas.

Bom fim-de-semana a todos.

Faz-me desfrutar do presente, não me faças crer que amanhã será outro dia desconhecido cheio de ausência, angústia e tragédia.
Dá-me só este dia contigo, não te vás embora agora porque tudo se pode perder, amanhã poderemo-nos sentir diferentes. Não desperdices o que te percorre nas veias, o futuro é hoje; não o deites fora.
Somos partículas de pó neste universo imenso e toda a nossa grandeza para além da matéria consiste neste espírito que possuímos. Dá-me um pedaço da tua alma e faz-me viver eternamente em ti.
Vive livre neste mundo que te impuseram, a única coisa que podes fazer é transformá-la com o que de imortal tens em ti. Palavras, sentimentos, gritos, pensamentos... Não os feches em ti, deixa-os sobrevoar o mundo para que possam fazer parte do todo, torna-te infindável hoje, o amanhã não existe para já.




No Sábado passado o maridão conseguiu sair um pouco mais cedo do trabalho (aleluia) e fomos comprar umas coisinhas.

Lá fui à procura de um vestido para o baptizado, e confesso que estava apreensiva pois em altura de saldos é difícil encontrar o que se procura com concordância entre qualidade e preço, porque as peças das novas colecções são quentes e carérrimas e o que há dos saldos nesta altura já são os restos raquíticos (no que diz respeito a vestidos de cerimónia, pelo menos).

Mas tive sorte e encontrei logo o vestido perfeito. Levei 3 para experimentar, vesti esse e nem experimentei os outros - era o vestido com que sempre sonhei! Lindo, lindo, mal posso esperar para o vestir.
As galinhas estúpidas das empregadas da loja torceram o nariz, quando eu disse que a ocasião era o baptizado do meu filho.
- Preto?? - exclamou a Galinha 1 - Ahrmm... olhe que preto... não sei...
E ela que vá dar opiniões lá para o galinheiro! Já a Galinha 2 foi mais atenciosa e disse:
- Não, olhe que se vai combinar com o amarelo até fica muito bem, é uma combinação que resulta imenso. E o vestido fica-lhe muito bem.
Como me estava a borrifar para elas, saí de lá toda contente por ter sido facílimo encontrar o vestido perfeito.

Depois disso escolhi uma echarpe muito invulgar que acho que ficará bem com o vestido. Só ficaram a faltar os acessórios.

O maridão andou contente mas depois amuou quando fomos à procura de uma camisa para ele. O Mi não estava sossegado (como de costume), tive de andar sempre com ele ao colo (por esta altura já estava estafada, óbvio) e o maridão sentiu-se negligenciado. Pfff... Haja paciência!
Depois ainda vestiu um casaco e eu tive de apelar a todos os santinhos para não me rir.
O maridusco é bonitinho e bem feitinho, mas tem os ombros delicados e está a passar uma fase em que já não corta o cabelo há uns tempos. Decidiu experimentar um casaco que parecia aí uns 10 números superiores ao dele, que lhe fazia os ombros larguíssimos, que era feio como tudo e que ainda por cima dava ênfase ao cabelo de versão-branca-do-Bob-Marley. Parecia um espadachim que levou um choque eléctrico.

imagem: alexis
fonte: joyteeth.com/node?page=3



Depois de me pedir a opinião, em vez de agradecer as minhas críticas construtivas, o maridão fez bico e pôs-se mal-humorado.
Mas há quem entenda estes os homens?? Ainda dizem que as mulheres é que são complicadas.
O espanto dos espantos foi quando ele anunciou que, se comprasse o casaco, seria para levar por cima da camisa, ao baptizado.
Aí devo ter ficado de todas as cores possíveis, aí tendo um ataque, mas acho que a expressão falou por si só e o maridão deixou lá o casaco, sempre a resmungar.

Depois de reflectir sobre o sucedido, até o entendo - ele quer uma coisa alternativa, diferente, que tenha a ver com ele (que já de si é alternativo), e que ao mesmo tempo seja adequado para o papel de pai na festa.

Gostava de lhe ter dado mais atenção, mas tenho TANTA coisa a acumular-se no caos que são as minhas gavetas de (des)organização cerebral, que já tenho de fazer um esforço para lá conseguir encafuar mais coisas. Tenho a certeza que, com calma, conseguiremos encontrar uma coisa especial.

Deixo um beijo ao Maridão lindo que eu tenho, com a promessa que o hei-de compensar.


DEU OS PRIMEIROS PASSOS!


ELE ANDOU, ELE ANDOU!!

ONTEM!!

DIA 10 DE AGOSTO

DE 2009


PARABÉNS MEU AMOR POR MAIS UMA ETAPA!



foto: bancodeimagens.com




Hoje almocei com a minha amiga Mónica, que foi o ponto alto do dia.

Ela coitada lá veio de trás-do-sol-posto debaixo de um calor infernal nos transportes só para passar duas horinhas comigo (ainda há amizades incondicionais neste mundo...).
E ainda me trouxe um presentinho: uma linda moldura com uma fotografia que eu nem sabia que existia, que ela tirou quando me foi ver à maternidade, tinha o Mi, salvo erro, vinte e poucas horas de vida, ao meu colo (não adianta comentar o meu ar de zombie-obeso-mórbido da foto) com o Maridão ao lado. Linda a lembrança (fiquei emocionada), e só eu sei o valor que tem para mim, pois no meio de tanta confusão e mudança que gerou o nascimento do Mi, só existia 1 única fotografia de nós os 3 juntos, mas rasca, tirada com o telemóvel, dessa altura.

Uma bela prenda foi o que eu dei à Mónica, folhas impressas com os marcadores de lugar para o baptizado, para ela fazer os cartõezinhos (ou seja, dei-lhe trabalho-de-casa!).
Que bela amiga que eu sou...

Tentámos pôr a coscuvilhice em dia, mas era tanta coisa que as duas horas passaram a voar, e ainda ficaram coisas por dizer. Eis os principais temas da nossa conversa:

- o Baptizado
- o Mi
- os respectivos maridões
- a famelga
- dizer mal dos vizinhos (e não só...)
- novidades gerais de ambas

Até nos lembrámos do Stôr Bacalhau, um professor de ginástica que tivemos no 5º ano e que adorava torturar os mais novos. Especialmente as raparigas, que, obviamente, estavam mais preocupadas em olhar para o bonzão do oitavo ano (eu e a Mónica incluídas) do que dar voltas a correr ao campo de futebol. O método utilizado para nos fazer correr (depois de ter tentado tudo) foi, um belo dia, correr atrás de nós com a vassoura (e dar-nos com ela nas canelas).
Também utilizava outros objectos para correr atrás de nós, e tinha o feliz hábito de nos atirar com coisas e de gritar "chouriços! corram seus chouriços!"- uma maneira simpática de nos chamar enchidos de gordura preguiçosos. Também gritava que se fartava, o homem. Era musculado, baixo e tinha um nariz enorme. Lembranças felizes, estas...

Também falámos de uma certa cerimónia (não posso adiantar pormenores sobre intervenientes) em que houve ladrão.
Eu explico.
Isto tudo por causa da organização do Baptizado do Mi, em que a Mónica gentilmente me está a apoiar; conversávamos, na altura, acerca do cesto que vai servir para colocar as lembranças de baptizado (que vai ser ela a emprestar) e lembrei-me de lhe contar uma certa história de um certo evento em que nem os marcadores de mesa ficaram para contar a história. Desapareceu TUDO, incluindo o placard grande, os centros de mesa, enfim... tudo.

Não que eu pensasse sequer que isso iria acontecer no nosso caso (pois convidei pessoas que conhecemos há anos para o evento, obviamente), mas ainda nos rimos com o desplante de algumas pessoas.

No final, o Sr. do café enganou-se na conta e teimava que estava certa, mas eu como presto atenção aos pormenores, a coisa resolveu-se (coitado, provavelmente foi sem querer, mas hoje em dia temos de estar atentos).

Gostei de ver a minha amiga - com bom aspecto (pudera, tinha a palavra "férias" estampada na cara), linda como de costume e com o inalterável olhar de uma sinceridade total que me habituei já lá vão mais de 20 anos.

Deixo aqui um xi-coração grande para a minha amiga de sempre (obrigada pela ajuda e pela pachorra para me aturares).

Há coisas que não mudam nunca. Felizmente.


... apetece-me agarrar nos colarinhos de algumas pessoas e berrar-lhes para pararem de ser ESTÚPIDAAAAS!
(Quê, alterada, euu?)
Estava aqui a pensar numa maneira de vos contar tudo sem ter de dizer Tudo.
Sim, porque vocês até merecem... vêm aqui ler e coscuvilhar tudo assiduamente, mas não se manifestam. É o que se chama quadrilhar pela calada!


Epá.
Sempre me irritou solenemente que se metessem na minha vida.
Quer dizer, até gosto que se metam, se se tratarem de pessoas que mereçam minimamente c*gar a sua sentença naquilo que eu faço. Caso contrário, que vão mas é c*gar para outro lado.
Considero que sofro de "temperamento sazonal". Não, não tem a ver com as estações do ano, nem sequer tem a ver com bipolaridade, embora haja quem sugira que eu não regulo muito bem da tola (quem é que regula?).
Tem a ver com o facto de, com algumas pessoas, levantar logo fervura (exemplos - maridão, parvalhona da vizinha de cima, etc) e com outras (na maioria, as que não merecem) ter uma paciência de Santa-ou-em-vias-de-ser-canonizada.
Eu lá estico, lá estico, tipo pastilha elástica, amoleço, e lá acabam por conseguir o que querem (normalmente, chatear-me das mais variadas maneiras).
E depois claro! Lá tenho de ouvir os comentários do maridusco (que tem razão, mas não precisa de saber que tem razão), comer e calar (ou então continuar a insistir que razão tenho eu).
"Fazem de ti parva" - diz ele.
Até fazem... Eu deixo. Ok. Deixo! Mas porra! Tenho a mania de pensar que as pessoas mudam! E tenho a mania que sou esperta! Que consigo topar logo a intenção da pessoa! Mas não!!

Desiludida, eu? Nem por isso, já sei que de algumas pessoas não posso esperar muito mais, mas continua a cair vezes sem conta, e o pior é que às vezes bato com o traseiro e dói que se farta.

Mas deixo um recadinho a quem acha que tem direito de se meter na minha vida (mas que nunca na sua vida fez nada por mim)


_STAY OUT OF MY LIFE!_

Só hoje tive espírito para contar a segunda parte da bendita reunião de terça-feira passada.

Lá entrámos todos para a igreja (tudo a ajoelhar-se e a fazer os gestos da praxe) e fomos sentar-nos nos bancos compridos, de frente para a imagem de Jesus.
Olhei em volta.
Já lá tinha estado aquando do baptizado da sobrinha do meu marido, que foi simples e contou apenas com a família mais chegada (não chegámos, na altura, a ocupar a totalidade de um banco), mas sinceramente não tinha reparado bem que a igreja era assim tão... pobrezinha, sabem?

Lembro-me com bastante nitidez da igreja do Algueirão, em frente à escola primária onde estudei (bons velhos tempos), que era soberba em tamanho e decoração interior (não sei se posso chamar assim), tinha imensas imagens, grandes, de santos, era abobadada, com janelas de vidro colorido soberbas e azulejos pintados datados de (penso eu) umas boas dezenas (se não centenas) de anos.

À esquerda está uma foto que encontrei na net, tirada por ocasião das "ordenações" de 2007.

fonte: paroquiasjose.no.sapo.pt

Contava com um exterior magnífico, com um jardim a rodear, cheio de árvores e muros antigos de pedra... fora a escadaria principal, onde me lembro de escorregar feliz pelo largo corrimão de pedra, com a minha melhor amiga, Mónica. Com muita pena minha, não encontrei nenhuma foto do exterior...

Eis mais uma foto da igreja do Algueirão, tirada do mesmo site:

Em comparação com a igreja da minha infância, esta parece (sem ofensa) extremamente desprovida de significado... pequena, com as paredes caiadas, brancas, mal pintadas, com uma imagem ou duas, um altar (acho que é assim que se chama, onde o padre se coloca para dar a missa) pequeno e simples e do exterior não vale a pena falar... Lá tem um arbustozito ou dois, nas traseiras, mas nada de escadarias (a frente da igreja conta com um estacionamento que mal chega para meia-dúzia de carros, e tenho impressão que, se estacionarem ali muitos, mal se vê a igreja. O melhor que podemos esperar é a vista panorâmica para o restaurante de rodízio mesmo ao lado, a par com o barulho dos veículos que passam "a abrir" mesmo ao lado. Sinceramente Famões merecia uma coisa melhor...


Igreja de Nossa Sra. do Rosário - Famões
Fonte: citytower.eu


O padre A (nosso vizinho da frente) parece ser muito querido pela comunidade, ao menos já tive a prova viva de que leva muito a sério todas as questões da igreja, participa em iniciativas de solidariedade (até apareceu num jornal local) e dedica-se muito àquilo.
Embora tenha ficado desagradavelmente surpreendida com todas as exigências que ele me apresentou para podermos baptizar o Mi, tenha rangido os dentes perante a desaprovação dele por eu não ser baptizada e mais um sem número de franzires de sobrolho da parte dele em relação ao que é requerido aos padrinhos, parece-me até boa pessoa (para padre).

Mesmo assim, acho que o que conta é mesmo a reunião das pessoas que nós gostamos para a ocasião. Claro que, já que concordei em baptizá-lo, gostaria que a igreja fosse mais bonitinha para receber os nossos convidados. Mas paciência. Peço desculpa pela sinceridade, mas pessoalmente os meus esforços estão concentrados, na sua maior parte, na festa.

Adiante.
A reunião começou então com um substituto do padre (não faço ideia da sua posição lá dentro, talvez seja ajudante ou assim) a anunciar que o Sr. padre estava de férias e por isso as coisas seriam tratadas com ele.
Mandou levantar e dizer o Pai Nosso (lembrava-me de algumas palavras, mas remeti-me ao silêncio).
Depois mandou os pais levantarem as mãos e pediu opiniões: "Porque é que decidiram baptizar o vosso filho?" e "O que é para vocês o baptismo?".
O meu maridusco não participou, e eu, como acho que são duas perguntas tão boas que ainda agora as faço a mim própria (!), também não disse nada.
Depois mandou os padrinhos levantarem as mãos, e, com a dramática pergunta "Alguém sabe como surgiram os padrinhos?" começou um sermão de uma hora, que só não se prolongou mais porque o filho daquele grupinho corria pela igreja (que faz eco) aos guinchos e a mexer em tudo, e o Mi, como se não bastasse, decidiu que ainda não havia barulho suficiente e juntou-se à festa, começando também a desestabilização por simpatia.
Depois disso o substituto ainda falou na cerimónia, como se ia passar, etc, e depois disso referiu (essa parte gostei) que alguém dos convidados teria de ler um salmo, e outro uma parte cantada.
Automaticamente pensei na Mónica (aliás, já a convidei por esta altura e ela aceitou) para a parte lida, e para o salmo cantado pensei no João (alforreca) mas ainda não lhe disse nada.

A única parte que serviu para quebrar a tensão entre os presentes (já fartos de ali estar) foi quando o substituto disse para colocarmos as dúvidas.
Um dos presentes, um senhor brasileiro que percebi que deveria ser padrinho, sai-se com esta:

- Olha, eu tenho uma dúvida. Essa parte aí de ler o evangelho, isso é na cerimónia ou na festa?

O que nós nos rimos (disfarçadamente)! Esta acabou de ganhar o óscar para a pergunta mais estúpida da noite.
Imaginei logo os meus convidados, em amena cavaqueira no restaurante, com a música da banda a tocar, e eis que alguém se levanta (neste caso, a Mónica!) manda parar a música e começa a ler o evangelho, perante o espanto geral.
Realmente há pessoas que não pensam mesmo...

Enfim, quando a parte secante terminou, entreguei dois documentos que faltavam à mulher com cara de beata (coitada, até era simpática) e fugimos dali o mais depressa possível.

Ainda bem que me livrei (por agora) da igreja.


... como cresceste!

Estaria de olhos fechados este tempo todo??
Dei por mim a olhar-te um dia destes. Onde é que estávamos nós quando tu decidiste crescer?...
Reparei que tinha saudades do teu cheiro morno a recém-nascido, do teu tamanho tão pequenino e do teu peso tão leve que aguentava horas contigo nas minhas costas.
Foram tempos de angústia - nunca tínhamos sido pais, antes. Choravas a toda a hora, eu não sabia o que tinhas, nem o que fazer para te consolar. Mas esses tempos... recordo-os com a saudade do primeiro amor!

Mas sabes, querido, amo o bebé grande em que te estás a tornar.
No bebé-criança que já és, na maneira como te pões de pé mas ainda tens medo de dar os primeiros passos "a sério". Peço-te xi-corações e tu percebes! Dás-mos gratuitamente! E estes abraços, quanta saudade irão deixar, daqui a uns anos?

Um dia , uma amiga que me é muito querida, a Catarina Alexandra, disse-me uma coisa que não me esqueci nunca mais, porque penso constantemente nisso.
Estava grávida do Mi, já para o final do tempo. Mais tarde fiz-lhe a mesma pergunta, tinha o Mi 15 dias.

- Catarina?
- Hum?
- Achas que vou ser boa mãe? Que estarei a ser boa mãe?
- Amiga, pergunto-me isso a mim mesma todos os dias.
- Mas o G já tem 6 anos...
- Sim... Mas daqui a mais 10 e daqui a mais 20 vou continuar a perguntar o mesmo... Todas as mães o fazem, mesmo que não o admitam. Em todos os dias da nossa vida enquanto mães, vai surgir essa pergunta.

Não o consigo evitar! Continuo a perguntar também... Acalma-me o coração perceber que não sou a única...

Ontem à noite fomos à sacristia da bendita igreja onde vamos baptizar o Mi, com o padrinho RA e a namorada do padrinho. A madrinha C não pôde ir porque estava a trabalhar.

Supostamente deveria ter começado às 21h. Como bons paroquianos que somos (cof cof) chegámos um minuto ou dois antes, pontualidade das pontualidades! O padrinho até vinha de fatinho e gravata (tinha acabado de sair do trabalho) - contrastava duma maneira obscena comigo (que tinha o cabelo desgrenhado e uma blusa com uma mancha de baba que o Mi decidiu pregar-me quando já estava calçada e pronta a sair).

Pensando que se tratava de uma reunião como-deve-ser, com o padre que o vai baptizar (que é nosso vizinho) e, principalmente, rápida (porque o Mi vai para a cama entre as 21h e as 22h), lá entrámos rapidinho rapidinho que se faz tarde, para darmos de cara com mais de uma dúzia de "pessoal das barracas" ou "barraquedo"* como o meu marido gentilmente lhes chama.

Encabeçando esse "pessoal", estava um senhor de bigode farfalhudo, na casa dos 50, barriga de cerveja e tatuagem no braço (não, a tatuagem não dizia "Amor de Mãe 1966 Angola", mas pouco faltou). Acontece que o senhor gesticulava para os restantes membros da família enquanto a esposa (presumo que fosse, pelo menos cheirava tanto a sovaco como ele) berrava que queria "saber das coisas como deve ser!!!!!", enquanto o raio do puto corria pela sacristia aos guinchos. Um circo.

Para além desse "pessoal", ainda estavam mais 2 casais brasileiros e respectivos padrinhos, e um casal cujo pai da criança me pareceu que ia cair para o lado a qualquer momento (o pivete a sovaco podre e a tabaco retardado espalhava-se que era uma maravilha).

Uma senhora com cara de pia entrou no corredor e mandou-nos, mal-humorada, sentar nas raquíticas cadeiras de uma sala onde excedíamos largamente a lotação máxima, estava abafado, e eu já me tinha arrependido 347262426 vezes de ter trazido o Mi, primeiro porque pensei logo, não na gripe A, mas no calor e cheiro a pêlos sovacais que ali estava, e depois porque ele não estava sossegado.

Após aguentarmos ali 15 minutos, eis que entra uma outra senhora (esta com ar de beata devotíssima) e anuncia "podem levantar-se todos que a reunião vai ter lugar na igreja, harmmm, parece que a sala está muito cheia, ha-ha."

Nãooooooo!!! Jura?????
Sinceramente até achei acolhedora e agradável, com todo aquele cheiro a ser humano não-higienizado, au naturel...

E já agora, alguém te devia pregar uma rasteira a caminho da igreja, por teres deixado aqui a agonizar montes de pessoas com crianças e bebés.

Se és tão beata como aparentas, porque é que com o decote que apresentas consigo contar a esta distância todas as estrias que tens???

Que raiva!

(continua no próximo post)




*"pessoal das barracas" ou "barraquedo": termo utilizado pelo meu marido para definir a típica família portuguesa que normalmente tem um agregado de 5-6-7-8 filhos, em que habitualmente ninguém trabalha (ou possuem um negócio no ramo do auxílio ao estacionamento de veículos - leia-se, arrumadores) mas que vive à grande, dos subsídios pagos por quem trabalha uma vida inteira, que normalmente não lava o cabelo (nem o resto), que tem um volume saído das cordas vocais de mais de 10 decibéis, e que adora a boa da escandaleira.

Hoje, Recordei..

Naquele tempo, era assim...

Tive mais uma noite de insónia... Há semanas que já não durmo de noite, não consigo! Durmo de manhã quando o barulho começa e a luz desperta. Ver a actividade lá fora dá-me sono e uma melancolia incrível. Com todo este sol de um verão antecipado parece que vejo a cidade envolta em névoa feita de fumo pútrido de almas imundas. Nada me tem tocado realmente, nada me tem surpreendido de maneira nenhuma.
Vejo os dias passarem como se se tratasse do mesmo dia de pesadelo retratado vezes sem conta, mas sempre com um novo pormenor que o torna ainda mais insuportável, sem sombra de amor para me abrigar do sol que a dilacera.
Cheguei a um ponto em que não desejo mais do que aquilo que já tive, penso que não poderei viver melhor...
Quando a vida foge de nós sem motivo, só nos podemos resignar e esperar pelo fim.
As feridas dos outros não me conseguem reconfortar, continuo com aquele patético sentimento compassivo, de pena.
Mas no entanto, em raros momentos de lucidez, não quero que as suas feridas sarem. Quero senti-los no fundo da mesma maneira que eu.

Já foi assim, para mim, antes da libertação, do despertar, da saída daquele ciclo vicioso e sujo, em redor de seres nojentos que a cada dia me conspurcavam a alma, me envenenavam a personalidade, deixando-me não mais do que um farrapo escondido por uma tenda negra como o breu. Não custa lembrar-me disso, custa-me sim pensar no odioso ser humano que seria se não me tivesse afastado.
Que tipo de sol se poderia erguer para o Mi, se não tivesse reivindicado a sua luz?
Exigi ser feliz, o pior pecado que, para eles, poderia ter cometido. Tanto que se habituaram à certeza da minha presença miserável, que me tornei (como sempre fui) um brinquedo que se arremessa de lado para lado, um escudo para as duas partes, uma desculpa para se atacarem mutuamente, porque a parte viva era dispensável.
Recusei fazer mais parte disso, quando me senti suficientemente forte.
Aconteceu num dia de Abril, mais de três anos já passados. Uma pergunta. Um pedido que durou 3 segundos e passou a ser lembrança de um direito que me era devido, no meio de gritos e faces disformes à minha volta.
Nesse dia, soube que tinha conquistado algo. Nada que tivesse a ver com esse meu direito, porque me servi dele apenas para conseguir dobrar a defesa dos meus atacantes.
Era uma guerra inútil, que me levava ao desespero, mas viciosa para eles, que se haviam acomodado a ela como um mal necessário, e da qual sentiam o maior prazer em participar. Disso tudo, muito de mim ficou pelo caminho, coisas que estão no sítio hoje, outras que ainda se estão a compor. Mas também ficaram coisas que nunca vou conseguir recuperar, feridas que ainda abrem e dificilmente cicatrizarão.
Foi uma guerra sem vencedores nem vencidos, sem sentido, insana, que durou anos mas que acabou nos 3 segundos mais ousados da minha vida. Em que me atrevi a questionar, em que sabia ter força suficiente para a chuva ácida que se seguiria. Paguei um preço elevado pelos erros alheios, mas também os que mais amo pagaram pelos meus.

Quando amanheceu, o nosso céu ainda consentia algumas nuvens no horizonte. Mas a névoa havia desaparecido para sempre, e com ela os rostos dos combatentes que nunca mais vi, pois o seu vislumbre não é necessário para minha vida. Deixo que condenem o que lhes aprouver, não importa, não tem significado, aquilo que possam dizer, a maneira como possam agir, tudo acabou por me ser indiferente. Fiz todos os meus lutos longe de vós, nunca quiseram conhecer-me, na vossa loucura pensaram que sabiam do que tratava a minha essência.
Mas oh! Longe disso... Deixei de permitir que me inflijam mais dor, a mim e aos que amo. Às vezes, tomo consciência daquilo que se costuma dizer - que "o sangue é mais espesso do que a água". Porque apesar de todos os anos de solidão acompanhada, da guerra-fria que travámos entre nós, sinto saudades de ter a família da qual derivo, por mais disfuncional e desequilibrada que possa ser... Do que é que tenho saudades? Daquilo que nunca existiu... De uma harmonia fantasiosa que o meu coração criou para preencher esse vazio. Nos meus sonhos bons, vocês ainda são de luz!... Ainda são pai, mãe, avós, tios, rodeando os meus irmãos em crescimento, protegendo-me, defendendo-me, amando-me, tomando-me como uma de vós e dando isso como certo para toda a vida. Criando um ambiente feliz onde poderia levar o Mi de visita, para que ele soubesse de onde descende. E vós abraçá-lo-iam, porque "o sangue seria mais espesso do que a água", e ele não questionaria o vosso amor, seriam sempre um porto de abrigo para ele no futuro, algo que para sempre o ligasse ao meu próprio passado.
Mas... isso nunca poderá ser assim. Vocês não são assim. A guerra continua latente... E o Mi merecerá melhor.

Hoje, recordei.
Hoje, não desejo que sofram nem vos guardo ódio...
E só por hoje, desejo que sejam abençoados e que encontrem a paz que eu tento agarrar todos os dias, mesmo com as questões da vida menos agradáveis, é possível encontrar um pouco de paz... A felicidade está nas pequenas coisas que deixamos passarem-nos ao lado. Não sintam mágoa pela minha felicidade.
Sou feliz, porque o meu amor gosta de olhar o final do dia pela janela... porque é a outra metade da minha alma, porque somos igualmente desiguais.
Sou feliz porque o meu ventre de mexe, se agita, porque o Mi me dá pontapés e tem soluços.
Sou feliz porque amar nem sempre quer dizer ter afecto constante e paixão desmesurada... Amar também é dar um grito, fazer sacrifícios, bater com o pé, esquecermo-nos de nós.
Sim, sou feliz na maior parte das vezes... mesmo na dificuldade, conseguimos encontrar algo bom, se nos dispusermos a isso.

Naquele tempo, era assim...
As insónias deviam-se a coisas más...
Hoje, as insónias devem-se ao aguardar o nascimento do Mi, ou porque ele não fica sossegado.
E daqui a uns tempos, as insónias passarão a ser despertares constantes para lhe satisfazer cada necessidade, e a cada vez será satisfeita com o amor incondicional que lhe tenho, sem precisar de o ver ainda, porque todos temos capacidade para amar o invisível.
E esse amor, sempre constante, é partilhado vezes sem conta com a outra metade da minha alma, meu companheiro de caminhada na vida, de sempre e para sempre.